A ergonomia, embora muitas vezes invisível no dia a dia das empresas, desempenha um papel crucial na saúde dos colaboradores e no bom funcionamento das operações.
Quando os ambientes de trabalho não são projetados com atenção às necessidades físicas das pessoas, as consequências vão muito além de desconfortos temporários.
É por isso que os gestores de recursos humanos e segurança do trabalho têm a responsabilidade de atuar de forma preventiva e identificar os riscos ergonômicos antes que eles resultem em problemas maiores. Pequenas correções, como ajustes na altura das mesas, intervalos para descanso e treinamentos sobre a postura correta, podem fazer uma enorme diferença. Neste artigo, exploraremos os principais riscos ergonômicos no trabalho, as doenças associadas a essas condições e, mais importante, soluções práticas que você pode implementar de imediato para corrigir esses problemas. Vamos lá?
Por que monitorar os riscos ergonômicos no trabalho?
Ergonomia no trabalho é um fator decisivo para manter a saúde e a produtividade dos colaboradores em dia. Não é só sobre cadeiras confortáveis ou pausas frequentes. Quando as condições de trabalho comprometem o corpo, o impacto é real e direto: dores, desconfortos que parecem pequenos a princípio, mas se transformam em problemas sérios com o tempo.
Esses riscos ergonômicos não costumam dar sinais de imediato. Um colaborador pode passar meses ou até anos trabalhando em uma postura errada, ou repetindo os mesmos movimentos sem perceber o desgaste acumulado. Mas quando os sinais aparecem, como uma dor nas costas que nunca passa ou a incapacidade de levantar um braço sem sentir dor, o problema já se instalou. O resultado costuma ser afastamentos prolongados, aumento nos índices de absenteísmo e, claro, queda na produtividade.
E o ponto é: isso pode ser evitado. O papel da ergonomia é justamente prevenir que esses pequenos desgastes se transformem em algo maior. Ajustar o ambiente de trabalho, garantir que os equipamentos estejam adequados e promover boas práticas são ações que preservam a saúde da equipe. O impacto vai muito além de garantir o bem-estar: colaboradores saudáveis trabalham melhor, cometem menos erros e entregam mais.
Os gestores que entendem a importância da ergonomia sabem que é uma questão de estratégia. Um investimento simples — como ajustar a altura de uma estação de trabalho, oferecer pausas inteligentes ou melhorar a iluminação — pode prevenir custos maiores lá na frente, seja com tratamentos médicos ou com a perda de talentos que acabam afastados por tempo indeterminado.
Os principais riscos ergonômicos no ambiente de trabalho
Os riscos ergonômicos estão presentes em praticamente todas as atividades de trabalho e, se não forem controlados, podem causar problemas de saúde sérios para os colaboradores. Abaixo estão os principais riscos que encontramos nos ambientes corporativos e industriais, cada um com suas consequências e soluções preventivas que podem ser adotadas para minimizar os impactos.
Postura inadequada
Passar horas em frente a um computador ou em pé, sem o suporte correto, cobra um preço alto no corpo. Colaboradores que não têm acesso a cadeiras ajustáveis ou que trabalham em estações mal configuradas acabam desenvolvendo posturas incorretas. Com o tempo, isso resulta em dores crônicas, principalmente na região lombar, pescoço e ombros. O problema mais comum é a inclinação do corpo para frente ao tentar enxergar a tela, o que sobrecarrega a coluna e cria tensão muscular constante.
Inicialmente, essas dores podem ser leves e esporádicas, mas, à medida que o corpo continua a ser forçado em uma posição inadequada, elas se tornam mais frequentes e intensas. Sem correções, a situação pode evoluir para hérnias de disco e afastamentos prolongados, o que resulta no sofrimento para o colaborador e na perda de produtividade para a empresa.
Como prevenir: Ajustar a altura das cadeiras e mesas, fornecer monitores que fiquem na altura dos olhos e treinar os colaboradores sobre a postura correta pode evitar boa parte desses problemas.
Movimentos repetitivos
Muitas atividades no trabalho envolvem a repetição de movimentos ao longo do dia, como digitação ou manuseio de ferramentas. Embora pareçam inofensivos, esses movimentos contínuos, sem interrupção, podem sobrecarregar músculos, tendões e nervos, levando ao desenvolvimento de condições sérias, como LER (Lesão por Esforço Repetitivo) e DORT (Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho).
Essas lesões são frequentemente acompanhadas de inflamações dolorosas que limitam os movimentos. Colaboradores que executam tarefas repetitivas sem as pausas adequadas correm um risco maior de desenvolver essas condições, que podem exigir fisioterapia ou até mesmo cirurgias corretivas.
Como prevenir: É essencial que a empresa implemente pausas regulares durante a jornada de trabalho e incentive a alternância de atividades, para que os músculos possam descansar. O uso de ferramentas ergonomicamente adequadas também pode reduzir o risco de lesões e distribuir melhor o esforço.
Longas jornadas de trabalho
Trabalhar por horas sem pausa pode parecer produtivo no curto prazo, mas tem um custo alto para a saúde do colaborador. Permanecer por muito tempo na mesma posição, seja sentado ou em pé, aumenta a pressão sobre a coluna e os membros inferiores, o que gera um desgaste muscular e mental.
A falta de intervalos regulares para descanso também pode causar problemas circulatórios, como varizes, além de agravar lesões existentes. O corpo precisa de tempo para se recuperar ao longo do dia, mas em muitas empresas essas pausas são ignoradas ou subestimadas, e o resultado é uma menor produtividade e maior número de lesões a longo prazo.
Como prevenir: Programar pausas curtas, mas frequentes, ao longo do dia pode fazer uma grande diferença. Incentivar os colaboradores a alongarem o corpo durante esses momentos ajuda a reduzir a fadiga e previne complicações mais sérias.
Iluminação inadequada
A iluminação no ambiente de trabalho é mais importante do que se imagina. Quando a luz é insuficiente ou muito forte, os colaboradores tendem a forçar a visão e adotar posturas ruins, como inclinar-se para frente, sobrecarregando a coluna e o pescoço. A longo prazo, isso provoca desconforto e causa dores de cabeça frequentes e fadiga ocular.
Como prevenir: Uma iluminação equilibrada, ajustada à tarefa que está sendo realizada, pode evitar esses problemas. O uso de luz natural é sempre uma boa opção, mas, quando não disponível, é importante utilizar lâmpadas com intensidade adequada e ajustar a disposição do espaço para evitar sombras ou brilhos excessivos.
Levantamento de cargas pesadas
O levantamento de objetos pesados, quando feito de forma incorreta, é uma das principais causas de lesões graves no ambiente de trabalho. Movimentos bruscos ou posturas erradas durante o levantamento de carga podem sobrecarregar a coluna, os ombros e os joelhos. Distensões musculares, hérnias de disco e lesões nas articulações são resultados comuns dessas práticas inadequadas.
O mais perigoso é que as consequências do levantamento incorreto muitas vezes não aparecem de imediato. O colaborador pode não sentir dor no momento, mas, com o tempo, surgem dores persistentes que podem exigir tratamentos longos e custosos.
Como prevenir: Treinamento adequado é essencial. Os colaboradores precisam aprender técnicas corretas de levantamento, utilizando as pernas para levantar o peso em vez das costas, além de contar com equipamentos de apoio, como carrinhos ou cintos de suporte, para aliviar o esforço.
A ergonomia como base para um ambiente de trabalho mais saudável e produtivo
Integrar a ergonomia na rotina da empresa não é uma questão de luxo, mas sim de garantir um ambiente onde a produtividade e a saúde caminham lado a lado. Quando os riscos ergonômicos passam despercebidos, os impactos são inevitáveis, mesmo que não sejam imediatos. Com o tempo, esses problemas se acumulam, geram lesões e afastamentos, e prejudicando a eficiência da equipe.
Empresas que colocam a ergonomia como prioridade estão, na verdade, investindo na longevidade do negócio e no bem-estar de suas equipes. Pequenas mudanças podem fazer uma enorme diferença, ao evitar dores, lesões e problemas de saúde que custam caro tanto para o colaborador quanto para a empresa.